"...NA VERDADE, NADA É UMA PALAVRA ESPERANDO TRADUÇÃO..."

sexta-feira, 1 de março de 2013

Do que podemos enxergar parte II

Olhe e vê, é a tua derrota!
Creia, tenha fé, aumente o teu sofrimento,
finja que não se importa...
Que os momentos sejam apenas um momento.

Eis aos olhos o que podemos enxergar,
eis aos olhos a cor que já não existe mais,
o som que já não se ouve mais,
o sentimento que jamais existirá...
A vida que passa rápido demais,
o abraço que nunca é demais,
os minutos que custam a passar...
O amor que insiste em ser cruel,
o amargo doce desse mel,
que teu amigo acaba de te dar...

Eis aos olhos o que podemos enxergar...

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A vida...

Tudo o que se vive hoje
foi vivido no ontem e será vivido amanhã...
Acostuma-te a cruz que carregas
pois ela te acompanhará em tua vida vã.

Tudo que se vive hoje
nada mais é do que uma cópia e uma premonição...
Um fardo ganho no presente
que já foi gasto e mal agourado por tua própria mão.

A vida, meu caro, pulsa no limiar da morte,
sangra da ferida aberta pelos pecados originais...
Viaja na cela do cavalo do tempo
e retorna sempre que não aguentamos mais.

E quando não mais aguentamos é que ela mais sorri
e nos faz aguentar tudo novamente...
Nos transforma em algo igual ao que sempre fomos
e, ao mesmo tempo, totalmente diferentes...
E nos arrastamos, dia após dia rezando por melhores dias,
sem saber que o melhor virá jamais...
Então engolimos a seco dessa doce bebida,
que é servida como veneno aos demais...

terça-feira, 31 de julho de 2012

10 Anos...

Hoje, exatamente hoje, os fios dourados das gêmeas ficam um pouco mais longos. Não que em outros dias esse fato não aconteça, mas hoje é um momento especial para minha humilde pessoa. Hoje se completam 10 anos que eu exerço a extraordinária, gratificante, cansativa e desvalorizada função de professor...
Parei para pensar no que aconteceu durante esse curto período de vida escolar e percebi que em 10 anos cabe muita coisa. Sabe aquelas bagagens que dá pra gente colocar toda nossa roupa e ainda sobra espaço? Aquelas que parecem não ter fundo?  Que estão tão surradas que ninguém dá nada por elas? Pois é, lembrei disso ainda a pouco e resolvi deixar aqui escrito o que sinto nesse momento.
Vivi 10 anos, conheci muitas pessoas, gostei de poucas e aprendi com todas. Não posso colocar em palavras o quão gratificante é exercer essa função, o quão maravilhoso é você se sentir útil em um mundo que perdeu o sonho, a esperança e o amor, o quão importante é tentar devolver isso a uma sociedade que caminha a passos largos dentro do niilismo e do parricídio... Enfim chegamos ao mundo sem lei... Viva o pós-moderno! Viva o nosso fim! Adoro esta ambiguidade que está intrínseca nesta profissão...
Adoro, também, saber que faço aquilo que gosto e que consegui (hoje completando 10 anos) remar contra uma corrente de "estudiosos" concurseiros e cheios de razões sem embasamento teórico e emocional. Uma corrente cada vez mais forte nesse mundo sem utopias e sem produção de conhecimento. Esse remar não foi e não é fácil, pense em quantas pedradas já tomei e em quantas ainda irei tomar por insistir em "jogar fora" anos de estudos dentro de uma sala de aula repleta de pessoas que, a cada dia que passa, procuram mais facilidades, mais atalhos para se chegar a um fim que já está alcançável ao simples esticar de um dos braços.
Essas pedras não me assustam, elas nada podem me fazer... Não aceito calado a realidade que bate em minha porta e ainda acredito que só o conhecimento liberta... Não só o conhecimento, mas a arte em si, conjunto e obra, criatura e criador...
Em 10 anos de caminhada também tive perdas dolorosas, dolorosas demais pra um corpo humano apenas, daquelas que parece saber exatamente onde a alma está e como acertá-la em cheio... Perdas que me fizeram perder muito do que eu era... Mas, ainda, não perdi o sonho e nem a esperança de poder fazer a minha parte (mesmo que minúscula) na construção de uma outra maneira de se ver o mundo, de se fazer o mundo e de se viver o mundo...
Portanto meus caros, deixo aqui escrito que por 10 anos fui professor. Não sei quanto ao futuro, se o fio ainda tiver um pouco mais de comprimento, continuarei professor e não me calarei... Enquanto houver alguém disposto a escutar aquilo que digo, continuarei falando...
Gostaria, também, de agradecer a todos que estiveram comigo durante este tempo, todos os alunos, todos os colegas de profissão, as merendeiras que sempre davam um jeito de guardar um pouco do lanche pra mim (principalmente a Cida, rsrsrsrsrs, como queria que ela visse isso!), os diretores, coordenadores ou donos de escolas que acreditaram no meu trabalho e na minha filosofia, nos secretários e atendentes (foram tantos) e, principalmente, aos meus avós, pois tudo que fiz e faço até hoje foi e é em honra a eles e ninguém mais...
Então, que os estudos continuem e que a arte traga de volta a cor que este mundo conseguiu perder...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Do que podemos enxergar parte I

Intencionados ou não
chegaram às portas do inferno,
viram igrejas, viram falsidade, eis aqueles que virão...
Se virão ou viram não importa... Do inferno retornaram
e contaram aquilo que se passou...
Contaram do inicio e do fim dos tempos,
do meio nada disseram, pois o meio não importa...
O que é importa é que agora já sabemos,
que ele existe e é real...
Mas algo estava errado, algo não se encaixava,
algo parecido com o que foi visto aqui continuava...
Continuava e continua, passado e presente,
algo nunca antes visto acontecia novamente...
E felizmente ou infelizmente aqui não se diferencia
do inferno que foi visto anteriormente...

Então que as almas sejam queimadas,
que os livros recebam o mesmo tratamento...
Que a vida seja destruída,
que os momentos sejam apenas um momento...

Eis aos olhos o que podemos enxergar,
aquilo que somente é visível...
Que é dedutível, aquilo que podemos enxergar
e que tanto faz sentido pra você...
Eis a mesma futilidade que sempre te impressionou,
a verdade que de escudo você sempre utilizou,
o inferno que de tanto fugiu agora chega a você...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

MMA/UFC/Um passo à frente, rumo ao precipício

Como tudo que escrevo aqui, não trago pretensão de agradar ninguém, nem muito menos aplauso ou reconhecimento quanto a NADA... Da mesma forma, não me preocupo com o oposto a isso tudo...
Odeio formalizações, formatações (tanto textuais, quanto sociais), verdades absolutas, música ruim, literatura ruim, vendas em excesso, capitalismo selvagem, selvageria, banalização de brutalidade, resumindo ODEIO ESSA PALHAÇADA QUE A MÍDIA (também odiada por minha pessoa) TRAZ AGORA COMO MAIS UM ESPORTE, ODEIO ESSE UFC E SUAS DERIVAÇÕES DE NOMENCLATURA.
Calma, não vejo necessidade mas vejo importância em explicar de onde vem esse odiar tão profundo, pra isso volto um pouco a um passado não muito distante e tão longe que me sinto algumas centenas de anos mais velho só em lembrar disso (rsrsrsr)...
Pois bem, lá estava eu, criança, sentado em frente à TV assistindo a um filme que passava por lá, este filme era MADMAX, se recorda??? Creio que não, não por subjugar, mas por julgar um pouco antigo. Era uma realidade futurística de apocalipse, de barbárie total, um mundo onde eu definitivamente não queria passar nem um dia sequer... Lá, as pessoas entravam em um combate mortal, dentro de uma cúpula onde algumas armas eram atiradas aos combatentes (gladiadores do "futuro") e eles deviam se enfrentar até que algum não suportasse e morresse em combate. Tudo isso para o deleite de uma plateia sedenta pela violência e sangue... 
Isso soa familiar pra você??? Sim sim, império romano, Coliseu, globo, octógono, enfim...
Se este é o futuro previsto pelo filme, bem... Triste fim para a minha pessoa que não queria passar um dia que fosse nesse futuro/presente...

Pra quem não se lembra, vai um videozinho do futuro previsto pelo filme, ao som de Tina (e não Tira como está no nome do vídeo) Turner: 
http://www.youtube.com/watch?v=9zmfjYbQoSw&feature=related

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Como vai a vida???


Sempre que me perguntaram como eu andava ou como estava a vida, sempre respondi que estava tudo na mesma, caminhando lentamente para o fim... Sempre que respondia isso era comum que as pessoas perguntassem o porquê do pessimismo, ou o porquê de tanta negatividade.
Hoje estava eu parado, caminhando ao fim, e comecei a pensar nisso. Resolvi anotar algumas coisas e escrevê-las aqui mais tarde, sobre como esses pensamentos se estruturaram e o porquê deles existirem.
Pare tudo que estiver fazendo agora e pense, mesmo que por pouco tempo, em como sua vida é feita e se você realmente está vivendo ou morrendo.
Isso mesmo meu nobre leitor-amigo, caminhamos SIM para o fim, caminhamos lentamente, quase nos arrastamos ao pó, ao NADA, de onde viemos e para onde iremos. Interessante essa ideia internalizada que cada um tem de vida, esse medo da morte, essa ideia de que viveremos para sempre... Rsrsrsrsrsrs... Triste fim, não existe vida sem morte, não existe morte sem vida. A vida nada mais é do que a conclusão da morte, sua obra perfeita, seu deleite maior... Esse se arrastar eternamente e chegarmos a ela sem força para fugirmos e, enfim, nos entregarmos...
Enquanto pensava nisso me veio um poema de Gregório de Matos e lembrei daqueles eternos belos, aqueles que se martirizam por horas em busca da beleza perfeita (a tentativa de se maquiar à realidade)... Triste fim...
Fim, sim, fim... A morte de tudo, de todos, de cada um e cada tudo que vive... Pois se vive irá morrer e a morte, meus caros, é real assim como é sua vida...
Portanto me diga, como vai a vida??? 

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, EM NADA

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Consegue ver você ali?


Certamente é perceptível que o tempo está passando, chega a ser engraçado como é perceptível e ninguém percebe esse passar. E passando, o tempo nos consome, nos subjuga, nos devora... Ah Chronos, como pode fazer isto a um filho teu?
Andava eu pelas esquinas de um colégio que teve uma história importantíssima em minha formação cultural e educacional, em cada pedaço de chão parecia que eu voltava um ano da minha vida e ia me aproximando daqueles dias ao passo que me aproximava de uma sala de aula, que era meu alvo naquele dia... Objetivo: Passado, e o passado meus caros, já passou e lá estava ele de volta.
Dentro do presente havia uma sala cheia de alunos da oitava série (nono ano aos que vivem o hoje), um monte de cabeças pensando dentro de um universo que não os agradava, que os forçava a ficar naquele lugar, que pedia pra que eles saíssem de lá, mas que os prendia lá dentro. Cada um pensando milhares de coisas que para aquele momento significavam exatamente nada, todos se tornando nada e o nada se tornando tudo. Foi então que o passado me puxou de volta, me tirou da cadeira, me colocou de joelhos e disse: “Contemple o nada que você criou, esqueça o nada sendo criado pelos outros, o foco agora é você”... E o silencio reinou naquele instante, segundos, minutos ou horas, não importa o tempo, afinal o tempo agora falava comigo...
E a conversa não parou por aí, cada palavra que ele me dizia ecoava em minha cabeça como sinos que insistem em badalar, mesmo depois que todos os fiéis já estejam em seus lugares e prontos a rezar o que sempre rezaram todos os dias. E os ecos não paravam por aí, pareciam seguir uma melodia, a melodia do tempo, o tic tac ininterrupto do relógio maior, o passar do tempo em frente aos meus olhos...
No presente, a aula continuava, as pessoas nem percebiam o que acontecia a sua volta, mas o acontecido não queria deixar de acontecer e foi então que outra pergunta me chamou a atenção: “Consegue ver você ali?” Virei minha cabeça de repente e lá estava eu, sentado, uniformizado, cabeça baixa, caneta entre dedos, escrita firme, pensamento firme... O que eu pensava eu não sei, mas tinha certeza que pensava em tudo e pensava em nada, fazia tudo e fazia nada, sabia tudo e sabia nada... De repente eu me olhei, de leve dei um sorriso a mim mesmo e me perguntei: “O que você fez de você?” Milhares de respostas passaram por minha cabeça, pensei mais um pouco e respondi nada, então já não mais me vi, voltei ao presente, o silêncio se foi e eu o acompanhei, fui-me também...